O recado de Jabes

Uma irritação que Jabes não esconde de ninguém
Arquivo/JBO

A visível irritação do prefeito de Ilhéus Jabes Ribeiro, convidado a inaugurar um posto de saúde inacabado e que o levou, na hora de cortar a fita, a desistir de participar da enganação, revela o sentimento dele para com alguns secretários do seu governo.

O clima é de total insatisfação.

Jabes só não os muda agora por dois motivos: primeiro, por que construiu para se eleger um leque de aliança política gigantesco e tem que acomodar os partidos da base que mantém a velha tática do toma lá dá cá. Segundo, por que não quer ficar, neste momento, sozinho com o ônus. Manter a incompetência ao seu lado é jogar, ainda, sobre ela, a responsabilidade pelo caos, pela falta de planejamento e de capacidade de realização.

Com estas pessoas à frente, Jabes - mais que o culpado - é o indignado, assim como todos nós que precisamos dos serviços básicos de uma Prefeitura.

O que é preciso salientar é que os problemas da saúde na atual gestão não estão restritos a postos mal concluídos. E nem serão resolvidos apenas com as suas conclusões. Há postos recuperados, prontos, que não atendem a população por falta de médico ou, até, de internet para o preenchimento da ficha cadastral.

Falta mesmo é pla-ne-ja-men-to.

Mais que um problema nas estruturas físicas das unidades, o entrave está no formato, a dúvida está no modelo adotado de saúde pública, a dificuldade está em sair do buraco que fere, com gravidade, o sentimento da população de que pode contar com um serviço de qualidade ainda neste atual governo.

Sem isso, a população sofre. E sofre muito. Até o governo reconhece isso!

Mais que uma irritação com a finalidade de jogar para a torcida, Jabes, ao deixar a solenidade de inauguração de um posto ainda em obras, manda um recado para a sua equipe. "Asssim não dá". Simbolicamente, ele repete o gesto de um aliado seu, o governador Jaques Wagner, que teve o mesmo sentimento quando veio a Ilhéus inaugurar o Terminal Pesqueiro e não acreditou no que viu.

Uma obra ainda a ser concluída.

A diferença é que o governador, apesar de sua insatisfação pública, comentada por todos os cantos da cidade e até registrada em foto, preferiu inaugurar o que ainda não estava pronto.

O resultado prático está aí.

O Terminal Pesqueiro não consegue produzir o suficiente para se manter.

Não passa de um ponto de distribuição de gelo industrial e o máximo que conseguiu avançar foi abrigar uma secretaria municipal de Agricultura inoperante, silenciosa e improdutiva.

É bom destacar: a secretaria de Agricultura é só um dos exemplos deste quadro. A lista é bem maior.

Assim, realmente, não dá.